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Produtores já negociam a soja na casa dos R$ 100,00 por saca de 60Kg.

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Os preços da soja seguem renovando as máximas nominais , especialmente nos portos. Apesar disso, nem todas as praças do interior do País tinham absorvido essa valorização do grão nos portos, principalmente quando se considera o valor pago ao produtor (mercado de balcão). De acordo com os produtores consultados pelo Cepea do Sul do Brasil e da região paulista de Sorocabana (oeste do estado) já negociam a soja na casa dos R$ 100,00 por saca de 60 kg. A sustentação vem da boa demanda, especialmente para exportação, e da menor oferta.

Quanto ao Indicador ESALQ/BM&FBovespa da soja Paranaguá (PR), entre 8 e 15 de maio, registrou alta de 3,9%, fechando a R$ 115,83/saca de 60 kg na sexta-feira, 15. O Indicador CEPEA/ESALQ Paraná subiu 2,9% no mesmo período, a R$ 107,50/sc de 60 kg na sexta.

De acordo com pesquisas do Cepea, indústrias indicam que estão conseguindo repassar a alta dos preços do grão aos derivados, contribuindo para que a margem de esmagamento não ceda expressivamente. No entanto, representantes de indústrias já se preocupam com a margem de lucros nos próximos meses, diante das incertezas quanto ao abastecimento da matéria-prima no segundo semestre. 

Bicudo: a melhor forma de controle.

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A colheita da safra de algodão começa entre o final deste mês e começo de junho nas regiões produtoras. Um dos grandes desafios à produtividade é o bicudo-do-algodoeiro (Anthonomus grandis).  A principal praga do algodão nas Américas gera gasto extra de US$ 100 a US$ 150 por hectare além de ter poder de comprometer até 70% da lavoura. 

Com o fim da colheita o cotonicultor precisa tomar medidas para conter o avanço da população de insetos. A principal é o vazio sanitário, adotado por alguns Estados. Trata-se do período que varia de 60 a 90 dias, em que fica proibida a presença de plantas de algodão no campo, para evitar a proliferação de pragas e doenças.

De acordo com Fábio Aquino de Albuquerque, entomologista pesquisador da Embrapa Algodão, essa é a estratégia mais importante para o manejo do bicudo-do-algodoeiro que se não for controlado, pode inviabilizar o cultivo do algodão. O inseto ataca os botões florais, impedindo o desenvolvimento da fibra. “Uma única fêmea é capaz de gerar 150 insetos em apenas 40 dias. Considerando que 60% desses ovos serão novas fêmeas se tem uma ideia do aumento populacional de bicudo-do-algodoeiro quando não se detecta a infestação inicial. A cada 20 dias você tem uma nova geração se multiplicando e nem citei os machos”, alerta. 

O pesquisador defende o Manejo Integrado de Pragas (MIP) como a melhor alternativa. O método define janelas de plantio e prazos máximos para que os restos culturais do algodão fiquem no campo. “O primeiro passo importante é respeitar o vazio sanitário na entressafra. Não havendo planta de algodão não há como ele se multiplicar e isso reduz, significativamente, a pressão sobre a safra seguinte”, diz.

Como agir com os restos culturais

Albuquerque explica que a destruição dos restos de plantas na lavoura é determinante para que o bicudo-do-algodoeiro não fique a espera da próxima safra para infestar. A destruição pode ser feita de forma química, mecânica ou a combinação das duas. “Em áreas menores como agricultura familiar pode se fazer a mecânica e em maiores a química. Naqueles Estados onde não há determinação legal os produtores devem entender que a praga precisa de algodão para viver então deve eliminar tudo”, define.

No período de entressafra o inseto consegue permanecer em plantas alternativas. No momento em que reentra no algodão precisará se alimentar de pólen para voltar à reprodução, momento conhecido como diapausa reprodutiva,  e que ocorre em 3 a 5 dias. “Um método eficiente e barato é o controle de bordadura. Assim que o bicudo-do-algodoeiro entrar novamente na planta, você faz o controle de bordadura e pega o inseto na fase mais exposta dele”, conta o pesquisador. Outro método bastante usado é o monitoramento com armadilhas de feromônio para identificar pontos de concentração e saída. “Com isso torna-se mais fácil entender por onde ele entra, por onde sai e concentrar o controle químico nessas áreas”, finaliza. 

Pedido de instalação de usinas fotovoltaicas cresce 70%.

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Dados compilados pela MegaWhat, a partir das autorizações diárias publicadas pela Aneel no Diário Oficial da União, mostram números que retratam o bom desempenho da energia solar no país. Somente no mês de abril o número de pedidos de outorga de fontes de geração de energia solar fotovoltaica aumentaram 270%. 

O volume representa alta de 5.402,77 megawatts, ante 1.458,90 megawatts, registrados em março. A maioria desses pedidos está concentrado no estado de Minas Gerais (4 mil megawatts).

Entre outubro de 2019 e março de 2020, foram registrados pedidos de mais de 11,5 gigawatts de projetos solares. 

No mês de março foram registradas 59 usinas, sendo metade da capacidade instalada vindas de energia da fonte solar.
 

Como a irrigação inteligente aumenta a produtividade da soja?

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A produtividade em uma safra de soja é definida por vários fatores, dentre eles: condições climáticas, genética do material utilizado, fertilidade da área, fitossanidade, entre outros, que interligados culminam na produção final obtida pelo produtor. 

De acordo com William Roberto Damas, Especialista Agronômico Netafim, a média de produtividade da soja no Brasil, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), é em torno de 55 sacas/ha. Ela é influenciada principalmente pelas irregularidades pluviométricas ao longo dos anos agrícolas em diversas regiões produtoras de grãos e também, pela inadequada fertilidade do solo e nutrição das lavouras, fatores que culminam em baixas de produtividade. 

Desde a implementação do primeiro projeto de irrigação por gotejamento subterrâneo para o cultivo de grãos no Brasil, feito pela Netafim,  em 2012, na Fazenda Três Capões,  em uma área de 81/ha, no município de Palmeiras das Missões-RS, os resultados preliminares de produtividade da soja demonstraram-se muito satisfatórios, com safras atingindo produtividades superiores a 100 sacas/ha. Atualmente a média de produtividade da soja no sistema é 46% maior se comparada às médias das áreas de sequeiro da fazenda. 

A exemplo da Fazenda Três Capões, e de outras em diferentes regiões produtoras de grãos no país, que aderiram a tecnologia de irrigação por gotejamento subterrâneo e que estabilizaram e aumentaram suas produtividades de soja, estão: a Fazenda Santa Cecília, no município de Vicentinópolis-SP e a Fazenda Tabapuã dos Pirineus, localizada no município de Cocalzinho de Goiás-GO. 

Na fazenda Santa Cecília, nas cinco safras de soja realizadas, a produtividade média foi de 85 sacas/ha, em torno de 40% superior à produtividade média das áreas de sequeiro da fazenda. A fazenda Tabapuã dos Pirineus, que possui uma produção média de 55 sacas/ha na condição de sequeiro, deu um salto na média de produtividade para 97 sacas/ha em sua área irrigada por gotejamento subterrâneo, média 76% superior. 

A estabilidade e saltos de produtividades que as fazendas estão obtendo com a utilização da tecnologia é proporcionada pela garantia de reposição hídrica das plantas em casos de déficit hídrico durante seu ciclo fenológico e também, pela flexibilidade do produtor em colocar em prática estratégias de nutrição da soja através do sistema de irrigação por gotejamento subterrâneo,  diretamente no sistema radicular, de forma parcelada, de acordo com a demanda e ciclo fenológico da planta. A técnica é denominada Fertirrigação, ela aumenta a eficiência da aplicação e o aproveitamento dos nutrientes pela planta, diminuindo perdas e consequentemente aumentando a produtividade.

Atualmente a Netafim conta com mais de 60 projetos de gotejamento subterrâneo para grãos e fibras em escala comercial, destacando projetos de grande porte já em funcionamento, como na Fazenda Luzinha, no município de Camapuã-MS, contemplando uma área de 370 ha. Além da soja, a irrigação inteligente vem ajudando os produtores a aumentar consideravelmente a produtividade e a rentabilidade de diferentes cultivos, como:  milho, feijão, algodão e culturas forrageiras. 

Produtor deve ficar atento aos desafios fitossanitários do trigo.

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O plantio do trigo está começando e a BRANDT, uma das maiores fornecedoras de fertilizantes especiais do mundo, oferece recomendações importantes para os agricultores alcançarem a melhor produtividade possível. “A cultura do trigo adapta-se bem em climas mais amenos e com chuvas mais espaçadas. O primeiro desafio é o fluxo ideal de chuva. Sabe-se que o volume necessário para a cultura é de 450 a 800 milímetros durante todo o ciclo”, destaca Pedro Afonso, técnico de desenvolvimento de mercado da BRANDT do Brasil.

Um grande volume de chuvas durante a emergência interfere na germinação, podendo causar a morte do embrião, tendo maior importância no espigamento, quando as anteras ficam expostas, sendo uma espécie de “porta de entrada” para patógenos. Já na colheita, o fator de germinação na espiga pode interferir na qualidade do grão, elevando o índice de micotoxinas. “O principal fungo associado às micotoxinas é o Fusarium, que pode infectar a planta desde o florescimento perdurando até o enchimento de grãos, prejudicando principalmente seu grau de qualidade e, consequentemente, preço de mercado. Sendo essa apenas uma das inúmeras doenças que podem atingir a cultura,  tornando necessário aplicações de fungicidas para o seu controle, buscando o aumento da eficiência passou-se a usar produtos protetivos multissítios associados aos fungicidas padrões”, alerta Pedro Afonso.

“Outra dificuldade encontrada no manejo da cultura e que está entre os principais desafios fitossanitários, sendo também um fator limitante do potencial de rendimento do trigo, são os problemas com infestações de plantas daninhas, que para o seu controle deve se fazer a aplicação de herbicidas específicos, para não prejudicar a cultura principal e eliminar a mato competição. Mesmo assim, o trigo pode sofrer perdas por fitotoxicidade decorrente dessas aplicações”, informa o técnico da BRANDT do Brasil.

“Trata-se de uma cultura exigente em seu desenvolvimento, desde o controle de plantas daninhas, pragas e doenças até a nutrição. Esses são os fatores fundamentais para atingir altas médias de produtividade e qualidade dos grãos”, complementa o especialista.

A produção brasileira de trigo é estimada em 5,4 milhões de toneladas na safra 2019/2020, com estimativa de área de 1,98 milhão de hectares. Esse volume não é suficiente para atender à demanda interna. Por isso, o Brasil é um dos maiores importadores globais de trigo, adquirindo mais de 7 milhões de toneladas por ano, especialmente da Argentina. O Paraná responde por cerca de 50% da produção nacional.

“Apesar de o trigo poder representar boa renda para os produtores, observamos redução na área plantada de trigo no Brasil nos últimos anos. Temos um potencial de retorno econômico, porém é uma cultura de alto risco, elevado investimento e competição com o trigo argentino”, enfatiza Samuel Guerreiro, diretor técnico da BRANDT.

A BRANDT oferece tecnologias exclusivas aos triticultores. É o caso da tecnologia BRANDT Smart System, cujos micronutrientes e demais compostos foram projetados para a rápida absorção e translocação, o que permite que as culturas acessem e comecem a usá-los imediatamente. Nutrir e estimular o metabolismo das plantas no momento ideal e da forma correta resultará em mais sanidade natural, entregando maior rendimento final. BRANDT Smart Trio é destaque, pois se trata de produto recomendado em aplicação conjunta com herbicidas, a fim de mitigar a fitotoxicidade, entregando nutrição de alta qualidade. Outro produto de relevância da tecnologia BRANDT Smart System é o BRANDT Smart Cobre, com sua exclusiva formulação, especialmente desenvolvida para manter o cobre altamente solúvel e prontamente disponível para a planta, auxiliando na formação de lignina nas paredes celulares e indução de fitoalexinas, contribuindo com a resistência estrutural da planta contra patógenos.

Além dessas, temos a tecnologia BRANDT Manni-Plex, cujos  produtos auxiliam a planta a atingir seu total potencial genético, garantindo a absorção e translocação do nutriente utilizado, corrigindo as deficiências nutritivas, proporcionando o desenvolvimento de maiores sistemas radiculares e o fortalecimento do sistema imunológico da planta, com a ampliação de importantes funções fisiológicas, como divisão celular, metabolismo do nitrogênio, utilização de carboidrato, fixação do nitrogênio, nodulação nas raízes, fotossíntese, floração e frutificação. Destaque para Manni-Plex B-Moly, que contém Boro e Molibdênio com mobilidade via xilema e floema, e Manni-Plex K, com formulação mais eficiente do que outras de potássio.

“Essas tecnologias garantem que cada nutriente aplicado será utilizado pela planta e revertido em produtividade. Contamos ainda com Nitrogênio Líquido, representado por BRANDT N3200, fertilizante com concentração e pH ideais para absorção, além de rápida assimilação do nitrogênio, presente nas formas nítrica, amoniacal e amídica. A combinação das três formas aumenta a eficiência da absorção do nutriente e a economia de energia pela planta, também reduzindo perdas por nitrificação e volatilização. Além de nutrir, a BRANDT auxilia a entrega da melhor aplicação dos defensivos agrícolas com sua linha única de adjuvantes”, finaliza Samuel Guerreiro.

Girassol recupera solo e combate nematóides.

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O girassol não teve bom desempenho na safra 19/20. Segundo levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) a área plantada caiu de 62 mil hectares para 47 mil hectares, redução de 24,7%; e a produção teve baixa de 104 mil toneladas para 75 mil toneladas (queda de 28,4%). Os estados produtores são Mato Grosso (- 35%), Goiás (-15%), Distrito Federal (não atingiu mil toneladas), Minas Gerais (-75%) e Rio Grande do Sul (-30%).

O pesquisador  da Embrapa Rondônia, Vicente Godinho, explica que o principal motivo para a queda é o bom desempenho de outras culturas concorrentes como sorgo, algodão, gergelim, amendoim, feijão-caupi e, principalmente, o milho. O cereal está favorecido com bons preços e forte abertura de usinas de etanol na região de Campo Novo do Parecis (MT). “O que conta muito é a falta de liquidez do girassol que é quando independente do preço e quantidade de produto se consegue vender. Já com o girassol não há essa facilidade porque ele é leve então o frete é caro e precisa estar perto dos pólos de beneficiamento, hoje concentrados no Centro-Sul, Goiás e Mato Grosso”, explica.

Bom para o solo e vilão de nematoides

As sementes de girassol, além de muito nutritivas, são usadas para diversos fins: produção de óleo de cozinha, biodiesel, alimentação de pássaros, consumo humano, além da indústria de produtos de higiene e de cosméticos, como ingrediente de cremes hidratantes, lubrificantes e sabonetes.

No Centro-Oeste é usado para a sucessão de culturas ou segunda safra. É uma cultura benéfica ao solo. Por ter sistema radicular profundo, a planta tem a capacidade de buscar nutrientes que as plantas cultivadas tradicionalmente não têm. “O girassol recicla potássio, tirando de camadas profundas e jogando para a superfície, favorecendo as condições do solo “, diz o pesquisador. 

Outro benefício da cultura está na sanidade com o combate aos nematoides, muito comuns em soja, por exemplo. “O girassol é um péssimo multiplicador de nematoides no solo. Onde você tem girassol você diminui os nematoides a níveis baixos”, aponta. 

ILPF : técnicos contam sucessos e desafios.

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Onze técnicos ligados à Coopercitrus (Cooperativa de Produtores Rurais) participaram de uma capacitação continuada oferecida em São Carlos (SP) pela Embrapa Pecuária Sudeste entre março de 2019 e março deste ano. Terminado o treinamento e depois de visitas e palestras de sensibilização em diferentes locais para os cooperados, eles contam como têm aplicado o conteúdo sobre ILPF (Integração Lavoura-Pecuária-Floresta) junto aos cooperados.

Para quem não sabe, ILPF (www.ilpf.com.br) é uma tecnologia que integra na mesma área a lavoura, a pecuária e a floresta como forma de otimizar a produção, melhorar a renda e reduzir as emissões de gases de efeito estufa, entre outros benefícios. A maioria dos produtores brasileiros ainda não adota o componente floresta nessas áreas, mas aderiu ao que se chama de ILP (Integração Lavoura-Pecuária).

De acordo com o analista Hélio Omote, do Setor de Transferência de Tecnologias da Embrapa Pecuária Sudeste o treinamento estimulou a implantação de Unidades Demonstrativas (UDs) em cinco regiões (Araçatuba, Mogi Guaçu, Piratininga, Ituiutaba e Itamogi). “Foram feitas uma visita em cada unidade e uma palestra de sensibilização em cada local para cooperados”, disse Hélio.

Ele conta ainda que está em fase de elaboração um Plano de Trabalho para dar continuidade no acompanhamento da UD de Piratininga, que apresenta características para ser uma URT (Unidade de Referência Tecnológica) com alto potencial de gerar impactos positivos na adoção de sistemas de integração.

A Coopercitrus é uma das maiores cooperativas do Brasil e a maior do Estado de São Paulo na comercialização de insumos, máquinas e implementos agrícolas. Tem mais de 60 filiais, apoio técnico e estruturas para o atendimento de diversas culturas nos Estados de São Paulo, Minas Gerais e Goiás, que atendem mais de 35 mil agropecuaristas, além do apoio de milhares de colaboradores.

A Embrapa é uma das integrantes da Rede ILPF, uma associação de empresas criada para acelerar uma ampla adoção das tecnologias de integração lavoura-pecuária-floresta por produtores rurais como parte de um esforço visando a intensificação sustentável da agricultura brasileira.

Veja abaixo os relatos de dois técnicos:

“INTEGRAÇÃO É O CAMINHO”

Como produtor da região de Tupã se convenceu de que ILP dá resultado

Os técnicos capacitados pela Embrapa são responsáveis por levar a tecnologia à ponta, ou seja, aos produtores rurais. Um deles, Eder Pontieri, do interior de São Paulo, conta como tem implantado a ILP na propriedade da família que ele administra. O cooperado recebe assistência do técnico Pablo Lopes há cerca de 15 anos. “Mas o suporte técnico de integração lavoura-pecuária começou há uns quatro ou cinco anos, quando iniciaram o plantio de soja para reformar a pastagem”, disse Pablo.

“Há quatro anos eu defini que iria reformar toda a fazenda aos poucos. Comecei com um quarto da fazenda, plantei soja e depois pasto. A ideia era fazer na fazenda toda. Hoje cheguei à conclusão de que todo ano vou fazer a integração em um terço da fazenda: vou plantar soja e depois voltar com o capim”, disse ele.

Essa propriedade fica no município de Arco Íris, região de Tupã. A história com integração começou, na verdade, há uns 17 anos. A família tinha uma fazenda de terra roxa em Ibitinga, na época em que a Embrapa lançou o sistema Barreirão [uma tecnologia de recuperação/renovação de pastagens em consórcio com culturas anuais]. “Eu comecei em uma área de pastagem degradada. Meu pai ganhava dinheiro com laranja e comprava boi. Aí degradou os pastos e eu comecei a plantar milho.”

Na ocasião, segundo Pontieri, ele cultivava o milho e jogava a semente da braquiária. Colhia o milho e a pastagem já estava integrada lá. “Assim eu fui me transformando num agricultor. Nossa formação é 85% agricultor e 15% pecuarista”, afirmou.

Aos poucos, ele foi constatando a melhora com baixo custo. Por que o milho? “Porque o Barreirão era com milho e a chuva era mais bem distribuída, e o milho era mais rentável do que a soja. Mas aí foi passando o tempo e a gente começou a ter frustração de safra ou por causa do calor excessivo em janeiro ou de estresse hídrico. Desisti do milho e comecei a migrar para a soja.”

No primeiro ano, conseguiu colher 62 sacas por hectare. “A distribuição de chuva foi perfeita. A cada 10 dias chovia um pouco. Chegou nesse teto produtivo”, contou. Depois da soja, Pontieri plantou sorgo. O plano era ficar dois anos ‘engordando’ a terra e depois entraria com a pastagem.

Por causa de ervas daninhas, a experiência não foi bem sucedida. A segunda safra de soja foi pior que a primeira. “Eu gastei mais dinheiro para melhorar o solo e produziu menos. Pensei: preciso mudar isso.”

E mudou. No terceiro ano, em vez de fazer safrinha de sorgo, Pontieri plantou capim. “Foi uma alegria. Essa pastagem de inverno foi mais lucrativa”, lembra. Hoje, com apoio do Pablo, o projeto é tirar a soja em março ou abril e plantar o capim piatã. “Então ficou assim: quatro meses de soja, 19 meses de piatã, desseco e planto soja de novo. E assim sucessivamente. A ideia não é adubar pasto, mas adubar o sistema com a própria soja, sem comprar adubo fora.”

A fazenda não tem mais pastagem degradada e a lotação aumentou duas vezes e meia. “Antes a gente desmamava os bezerros e o gado perdia peso na seca. Agora ganha peso na pastagem de inverno. Não tem mais boi sanfona. Isso acabou. Soja não dá lucro, mas dobrou a lucratividade da pecuária por causa da oferta maior de forragem.”

A família Pontieri tem propriedades rurais há 105 anos. Ele mora em Itápolis. Disse ter consciência que a pecuária extensiva não se sustenta. “Me alegra os olhos e a alma ver a propriedade cada vez mais bonita, mais produtiva e com um gado cada vez melhor lá dentro. Sou daqueles que – está bom? Está! Mas vamos melhorar mais um pouco?”.

Para o pecuarista que nunca mexeu com agricultura, Pontieri recomenda prudência. “É bom começar com uma área pequena, se tem vontade de plantar. Se não tem talento e nunca fez, sugiro fazer uma parceria com agricultor. Comecem porque é o caminho.”

a hora dos drones: faturamento de agtech cresce mais de 70%.

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Em um mercado aquecido, todo o agronegócio brasileiro viu empreendedores e agricultores recorrerem à tecnologia como uma aliada na produção e inovação para o setor. Com processos cada vez mais sofisticados e aperfeiçoados, os drones são uma das tecnologias que têm conquistado fazendeiros e dominado os céus dos campos.

À exemplo disto, a ARPAC – startup especializada em serviços agrícolas – vem registrando a cada mês saldos positivos de crescimento, ainda que neste cenário de isolamento urbano frente ao avanço do coronavírus no Brasil. Mesmo agora antes do fechamento do mês de abril, a startup já registrou crescimento de praticamente 220% em hectares sobrevoados, em comparação com o mesmo período em 2019, chegando a um total de 2.002,09 ha.

Além disso, até o final do mês a startup prevê faturar 71,13% a mais que em abril de 2019. “Mesmo em meio à pandemia, o agronegócio não parou e o setor não tem sido afetado diretamente”, comenta Eduardo Goerl, CEO e fundador da ARPAC. “Este crescimento é uma resposta de todos os investimentos que realizamos anteriormente em marketing e operações, somado ao contexto de crescimento de todo o setor, no Brasil”, completa.

Mesmo em meio à crise e desaceleração da economia em decorrência do coronavírus, os agricultores têm optado por drones pulverizadores por conta da economia gerada pela catação em grandes áreas e acessibilidade em áreas de relevo acidentado além de também ter uma aplicação mais assertiva. “Quando estamos em campo, é necessário apenas o drone, os equipamentos para operação e o condutor da aeronave, o que tranquiliza os clientes, amplia a assertividade da aplicação e assim como grande parte das atividades agrícolas, evita aglomerações desnecessárias”, comenta Eduardo Goerl.

De acordo com os dados de projeção da empresa este ano, os meses seguintes, como maio, devem seguir o crescimento constante. De acordo com as projeções da empresa, tomando por base o fluxo e as demandas e contratos já aprovados, a expectativa é de aumento de 56,6% em áreas sobrevoadas, comparando com o mês de abril. Com isso, a empresa segue com seu plano de expansão para 2020. “Até o final do ano pretendemos aumentar a nossa frota operacional em números de hubs e drones e investir em novas contratações”, explica Eduardo.

Atualmente a ARPAC atua nas regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul, mas prevê ampliar seu campo de atuação para novas praças operacionais.

Brasil precisa ocupar mais espaço no mercado árabe, diz presidente da Embrapa.

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O investimento em oportunidades, no intercâmbio e na abertura de novos mercados, deve estar entre os principais focos das negociações estratégicas do Brasil voltadas aos interesses do mercado dos países árabes. Segundo Celso Moretti, presidente da Embrapa, ainda há espaços a serem ocupados e o potencial para explorar e atrair investimentos para o País, em áreas como a bioeconomia e a cadeia de proteína animal, requer a adoção de ações mais efetivas por parte dos segmentos brasileiros envolvidos.

Como os países árabes têm uma economia ainda baseada em energia fóssil e o Brasil tem demonstrado forte tendência de crescimento da economia de base biológica, ele aposta ser esta uma das melhores chances para ao desenvolvimento nacional em cooperação com as nações da região. “O Brasil precisa fazer mais e melhor o que já tem sido feito”, afirma.

Em evento em 11 de maio,  com transmissão pelas redes sociais e a participação de especialistas em agronegócio e representantes das áreas internacionais, sobre a diversificação dos produtos brasileiros no mundo árabe, Moretti anunciou a articulação para a instalação de um escritório da Embrapa em Abu Dhabi,  capital dos Emirados Árabes Unidos, onde a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) já tem representação e é uma das parceiras da Empresa.

Produtos made in Brazil

Sobre a diversificação de oferta de produtos para o mercado árabe, o presidente destacou o exemplo da produção de grão de bico, que já está sendo exportada, e o potencial de atendimento das demandas por frutas e hortaliças geneticamente adaptadas ao clima da região, onde há baixa disponibilidade de água. “O desenvolvimento agropecuário brasileiro baseado em ciência tem chamado a atenção do mundo e temos recebido árabes demandas constantes das lideeranças de vários países árabes”, disse ele, referindo-se às reuniões com comitivas estrangeiras interessadas em projetos multilaterais.

Celso Moretti destacou ainda que, entre as iniciativas em desenvolvimento na Embrapa, para atender a orientação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) voltadas à internacionalização e o investimento em estratégias voltadas ao mercado externo, a África também está entre as prioridades. “Precisamos ser mais agressivos na presença brasileira naquele continente”, comentou. “Houve um recuo nos últimos anos, por isso é preciso retomar os contatos, em especial na África subsaariana, uma região que está no meio do caminho entre o Brasil e o seu principal mercado que é a China.” Com 60% das terras agricultáveis disponíveis do mundo, a África detém mais de 400 milhões de hectares de savana, duas vezes mais que a área do Cerrado brasileiro.

O presidente lembrou que, durante as visitas que fez aos Emirados Árabes, teve a oportunidade de conhecer projetos desenvolvidos pelo país no continente africano. “Eles são, depois da China, os que atualmente mais investem no desenvolvimento da agropecuária africana”, comentou, destacando que a maior parte da produção agrícola está localizada no cinturão tropical do continente, onde o Brasil tem experiência para desenvolver novos projetos de interesse mútuo.

Segundo ele, Embrapa e iniciativa privada – em especial, do setor de máquinas e de genética animal e vegetal – têm muitas oportunidades a serem exploradas no continente. Moretti destacou ainda que este ano, apesar da pandemia do novo coronavírus, o Brasil está colhendo uma safra recorde, de mais de 250 milhões de toneladas. “É um fato extremamente positivo sobretudo num momento como o que vivemos”, completa.

Ampliação da agenda de exportação

Além dos entrevistados, o evento teve a participação a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, que, em vídeo gravado, reforçou o interesse na cooperação tecnológica com os Emirados Árabes, voltada à abertura de mercados do agronegócio brasileiro. “Tivemos a oportunidade de conhecer e interagir com os nossos parceiros estrangeiros, para compreender o que realmente é de interesse para ambos os países e, com isso, alguns mercados se abriram também como a Arábia Saudita e o Kuwait, além do Egito, no setor de carnes e lácteos”, completou.

Dados da Secretaria de Comércio Exterior, revelam que entre 2002 e 2012, houve um aumento das exportações brasileiras para os países árabes da ordem de 575%, passando de 1,6 bilhão de dólares para 10,8 bilhões, o que torna os torna o segundo maior destino dos produtos nacionais, em especial frango, carne, açúcar, gelatina de origem animal, café, amendoim, soja, milho, ovos e sucos de frutas.

De acordo com Rubens Hannun, presidente da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira, o relacionamento histórico entre o Brasil e os países árabes, que começou ainda nos anos 70, mesmo consolidado, pode ainda oferecer novas oportunidades. “Existe reciprocidade entre as nações, por isso há muito com o que contribuir uma vez que dispomos de recursos naturais, tecnologia e conhecimento e eles têm recursos financeiros”, comentou.

A internacionalização de empresas e projetos estratégicos na área de segurança alimentar, segundo ele, são áreas com as quais tem trabalhado o primeiro escritório internacional da Câmara em Dubai, Emirados Árabes, inaugurado em fevereiro de 2019. Outros dois serão inaugurados no Cairo, Egito, e em Riad, capital da Arábia Saudita. Destacou ainda como desafios a serem enfrentados a urgência de definição de rotas marítimas entre o Brasil e os países árabes e a agilidade em processos de exportação (certificação digital), que vai representar a redução de prazos e a garantia de acessibilidade de preços dos produtos.

Durante o evento, a importância da parceria brasileira com os países árabes também foi destacada por Ricardo Santin, diretor-executivo da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA): “Somos o maior exportador de aves e carne halal do mundo e a pandemia acabou vindo ajudar esse mercado, porque alguns países árabes estavam endurecendo suas medidas por questões políticas, mas o Brasil é reconhecido como um grande parceiro”, disse ele, lembrando que só com a Arábia Saudita foram exportados o equivalente a 384 mil caminhões de carne de frango para alimentar a população.

Pesquisa sem contingenciamento

Para deputado Alceu Moreira (MDB-RS), presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), do ponto de vista político, as necessidades de diversificação de produtos para os países árabes são muito grandes. “Mais de 2 bilhões de pessoas se alimentam por essas decisões e isso transcende os 22 países árabes”, argumenta ele. “Tem havido uma forte articulação nesse sentido com grande atuação da ministra Tereza Cristina para conseguir mais abertura para os produtos brasileiros”.

Moreira destacou que a relação entre os países envolve outros setores, além do comércio. “O Egito, por exemplo, tem todo interesse em estabelecer parcerias na área da pesquisa, por isso o valor da Embrapa é muito importante – é preciso sair da relação de fornecedor para cliente. Não pode ser só isso”, alerta. Segundo ele, os países árabes podem investir em várias áreas, mas é preciso que o Brasil consiga estar estruturado com tecnologia, inovação e conectividade. “A parte política é abrir oportunidades para esses setores de forma mais fidelizada e definitiva”, disse.

O deputado chamou a atenção ainda sobre o reaquecimento da economia, que só pode acontecer, na sua opinião, pelo agro. “É preciso tratar da pesquisa, por isso não dá para contingenciar o orçamento da Embrapa”, ressalta, lembrando que o agronegócio brasileiro é estratégico e a segurança alimentar é o que chamou de moeda política. “O recurso público deve ser aplicado no local correto”.

Outra defesa da diversificação de produtos brasileiros com foco no mercado árabe foi feita por Marcos Jank, pesquisador de Agronegócio Global, no Insper, que definiu como um desafio para a pauta de exportações para a região. “Vendemos basicamente açúcar, frango, carne bovina, milho e soja e animais vivos. Muito concentrada em poucos produtos”, avaliou. Pescados, como alternativa de exportação, e alimentos processados, segundo ele, já estão entrando em outros mercados, tentando reduzir as barreiras protecionistas.

O evento também contou com depoimentos gravados de Evaristo de Miranda, chefe geral da Embrapa Territorial, que falou sobre as influências da cultura árabe no Brasil;  de Tamer Mansour, secretário-geral da Câmara Árabe; de Jacyr Costa Filho, presidente do Conselho Superior do Agronegócio da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Cosag/Fiesp); de Silvia Helena Galvão de Miranda, professora da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, da Universidade de São Paulo (Esalq/USP) e vice-coordenadora do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), e de Khaled Hanafy, secretário-geral da União de Câmaras Árabes.

Agtechs em busca de um futuro menos incerto.

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De uma hora para outra, o novo coronavírus lançou o mundo em um período de incerteza social e econômica. A necessidade do isolamento social fez com que diversas atividades corriqueiras fossem suspensas por um tempo ainda indeterminado, incluindo coisas básicas como reuniões e até encontros com familiares. Nessa hora, a tecnologia tem ajudado a enfrentar dificuldades. Aplicativos de vídeo reduzem as distâncias e ajudam a manter um pouco da normalidade. Serviços de mensagem têm sido usados para que pequenos negócios continuem operando até de portas fechadas. Redes sociais ajudam as pessoas a assistir a aulas, fazer receitas e até replicar um treinamento físico em casa. Nesse mundo cheio de dúvidas, alguns setores, principalmente de serviços essenciais, continuam operando. Outros estão parados, aguardando a volta da normalidade.

Um dos setores que simplesmente não pode parar é o agronegócio, já que é ele que garante o abastecimento de alimentos da população. E assim como tem acontecido em outras áreas, a tecnologia tem ajudado a superar as barreiras. “Em todas as crises enfrentadas pelo Brasil e pelo mundo, o agronegócio se apresentou para fornecer alimentos para a população, e assim será agora”, afirma Rodrigo Iafelice dos Santos, CEO da empresa de agricultura digital Solinftec. No campo, o papel das agtechs já tem facilitado o trabalho dos produtores, seja pelo uso de drones para mapear a fazenda ou de aplicativos que reduzem os gastos com insumos e aumentam a produtividade. “A visão da agricultura de precisão é muito útil nesse momento”, diz Ricardo Campo, gestor do Pulse Hub, centro de inovação da Raízen instalado em Piracicaba no chamado AgTech Valley, um dos principais ecossistemas de inovação no agro do Brasil. “Startups que usam soluções de planejamento e gestão, por exemplo, servem como um bom indicador nesse momento de maior vulnerabilidade econômica”, diz ele. Não à toa, a Solinftec vem registrando um aumento de vendas de suas soluções nos 10 países em que atua, incluindo Brasil e Estados Unidos.

Mas só isso não é suficiente. Os empreendedores têm se mobilizado para desenvolver novas soluções e os esforços são vistos em toda a cadeia.A agfintech Bart Digital antecipou o lançamento de sua plataforma Ativus, que permite a emissão de ativos agrícolas eletrônicos, registro eletrônico e assinatura digital. Originalmente, ela seria lançada em julho, mas a pandemia provocou uma mudança nos planos. “Entendemos que precisaríamos lançar antes”, diz a CEO, Mariana Bonora. Inicialmente, a startup vai priorizar o acesso aos produtores, para assegurar que eles comprem os insumos na época certa, garantindo a próxima safra, além de cooperativas e revendas. “O financiamento da compra de insumos ocorre antecipadamente, então essa fase do mercado agora o maior volume das negociações está na compra”, afirma ela. Assim como a Bart, outras agfintechs, as startups que oferecem soluções tecnológicas financeiras e foram tema de reportagem de capa da Plant Project, podem contribuir muito com soluções para os produtores. “Elas podem ser úteis na tomada de crédito e no uso de ferramentas para mitigar os riscos”, diz Ricardo Campo.

Outra atividade simples, como a emissão de receituários agronômicos, também pode ser feita de maneira remota, dispensando os deslocamentos que normalmente acompanham o processo. Lançada originalmente no final de dezembro, a plataforma FitoApp estava rodando apenas com clientes e parceiros, mas passou a ser divulgada com mais ênfase após o início da pandemia. “Quando surgiu toda essa história do coronavírus, decidimos pisar no acelerador e mostrar a plataforma para o país inteiro”, diz George Hiraiwa, fomentador agtech e sócio da startup. Com mais de 700 usuários no Brasil, o aplicativo permite que agrônomos emitam seus receituários usando assinatura digital. Em seguida, eles podem ser encaminhados para revendas ou cooperativas, que por sua vez podem entregar os insumos por delivery. “Os profissionais de agronomia têm como característica os deslocamentos diários, podendo se tornar grandes dispersores da doença”, diz Hiraiwa. Com o uso da solução, os impactos são reduzidos. Gratuito, o FitoApp conta com um banco de dados em que estão todos os insumos cadastrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). O processo todo ganha agilidade, o produtor e o técnico não precisam sair de casa e as revendas podem otimizar seus recursos.

Entrega em casa

No ecossistema agtech e food tech, os aplicativos de delivery estão entre os serviços que mais receberam aportes dos fundos de venture capital nos últimos anos. Só no Brasil é possível ver o exemplo do iFood e da Rappi, startup colombiana que é uma das potências do setor por aqui. E se esses serviços já vinham crescendo nos últimos tempos, agora deram uma guinada ainda maior. Os dois aplicativos não divulgam os dados, mas reportaram um “aumento significativo” nos pedidos desde que o isolamento social se tornou a recomendação do Ministério da Saúde. Em março, por exemplo, foram 10% a mais de pedidos de farmácia feitos no Rappi.

O movimento é natural, já que as pessoas deixaram de sair para comer, ir à farmácia e até fazer compras – e tudo isso pode ser feito pelo Rappi, por exemplo. Movimentos nas redes inclusive incentivam os consumidores a fazer pedidos online de seus restaurantes preferidos, já que eles correm risco de fechar de vez se não encontrarem maneiras de continuar produzindo. Esse aumento na demanda também levantou questões sobre a segurança dos entregadores desses aplicativos. As empresas criaram opções de entrega sem contato, em que as encomendas são deixadas na porta ou na portaria.

O SoftBank, conhecido por seus enormes aportes em startups do mundo inteiro, já mostrou sua preocupação com as dificuldades de suas empresas. Responsável por um investimento de R$ 1 bilhão no Rappi em 2019, o grupo japonês está captando US$ 10 bilhões para ajudar as startups do portfólio de seu Vision Fund afetadas pela pandemia. Enquanto apps de delivery, como o DoorDash, estão aproveitando a alta demanda, outros, como a Uber, estão vendo as corridas diminuírem drasticamente – em cidades mais afetadas, como Seattle, nos Estados Unidos, o número de chamadas caiu mais de 70%.

Os pequenos produtores, que de repente passaram a ter ainda mais dificuldade para escoar sua produção, passaram a recorrer a serviços de entrega específicos. É o caso da Agro Orgânica e da Raízs, startups que conectam produtores a consumidores interessados em receber cestas de produtos diretamente em suas casas.

Em busca de soluções

Assim como pesquisadores e cientistas ainda não têm uma vacina ou um medicamento prontos para enfrentar o novo coronavírus, não existem soluções prontas para mitigar os efeitos da pandemia em outras áreas. Por isso, hubs, incubadoras e aceleradoras estão lançando desafios para encontrar serviços e ferramentas capazes de ajudar os empreendedores. A principal iniciativa foi o Desafio Covid-19, promovido pela Bayer em parceria com o AgTech Garage, hub de Piracicaba. O projeto priorizou relações trabalhistas e fluxo de caixa, logística, comercialização da produção, atendimento e assistência remota e acesso a insumos e crédito de maneira digital. Publicamos aqui no StartAgro a lista de agtechs selecionadas.

Com uma proposta um pouco diferente, a Shawee, empresa que organiza hackathons, lançou o Mega Hack Covid 19, uma maratona criativa virtual para desenvolver um grande banco de soluções capazes de ajudar no futuro ainda incerto. Sem curadoria, qualquer empresa pôde participar. As ideias ficam arquivadas em uma plataforma digital. Hubs e fundos de investimento têm acesso a esses projetos, viabilizando aqueles com maior potencial. O Pulse Hub apoiou o hackathon e disponibilizou seu ecossistema de inovação na busca por soluções. Outras iniciativas, como o BRDE Labs, olham para o futuro e procuram por serviços e tecnologias capazes de ajudar os produtores no período após o fim da pandemia.

Um novo mundo

Neste momento de muitas questões e poucas respostas, os pesquisadores e analistas parecem concordar em um ponto: ao fim da pandemia, veremos um mundo bastante diferente do que estamos acostumados. “As pessoas serão forçadas a conhecer novos meios de trabalhar”, diz Mariana Bonora. “Sem dúvida é um período de crise, mas podemos extrair coisas boas.”

Para o agro, uma das mudanças que deve ser acelerada é a digitalização. O movimento já vem acontecendo há algum tempo, mas a adoção emergencial de algumas ferramentas vai ajudar a desmistificar as soluções digitais para muitos produtores. “Deixou de ser algo incremental para se tornar um fator determinante para a sobrevivência”, afirma ela. “A agricultura digital está preparada para dar as respostas que permitem que o agro mantenha sua saúde e atravesse esse período mantendo produção, alimentando o país, e contribuindo com insumos para o mercado internacional”, concorda Rodrigo Iafelice.

“Não sabemos onde isso vai parar”, diz George Hiraiwa. “Mas acredito que vai haver uma mudança no mindset das pessoas, principalmente na valorização do tempo de todos”. Segundo o fomentador agtech, o relacionamento sofrerá mudanças mais perceptivas, com muitas interações que antes aconteciam pessoalmente migrando para ambientes online.

Claro que ninguém tem certeza do que acontecerá. Pacotes de ajuda financeira estão sendo desenvolvidos mundo afora, e futurólogos se debruçam sobre a situação para tentar entender qual será o aspecto do mundo que vai emergir com o fim da pandemia. A produção de alimentos, no entanto, vai continuar. E nunca houve um momento em que a criatividade e a capacidade de inovação das startups do agro brasileiro foram tão necessárias. “Estamos nos adaptando todos os dias”, diz Mariana Bonora.